18 de julho de 2011

A autorização legal do ócio



Férias... O tempo livre que não comporta culpa. Não há nada melhor do que a autorização legal do ócio, principalmente quando esse tempo está prestes a chegar ou nos seus primeiros dias, onde ainda parece que serão eternas as horas que se transformarão em desobrigação, na medida do possível, sempre. O que me é estranho, e nem deveria mais causar estranheza, é que esse ócio vem sempre na minha imaginação rodeado de planos que eu adoro ter, exclusivamente feitos para esses dias livres: ver muitos filmes do Woody Allen, tirar alguns livros da estante - poesia, romances, autores que gosto e outros que gostaria de conhecer, quem sabe acordar um dia bem cedinho, só porque não tenho a obrigação de acordar, e tomar um chimarrão sozinha em casa, eu e meus pensamentos; além do mais, poder assistir uma novela qualquer que eu nem acompanho, mas só para inundar a casa por aquele som de Tv conhecido dos fins de tarde da adolescência, onde mãe e outros da família perambulavam pela casa. Porém, o que acontece nesses dias que faz com que esses planos não se concretizem? Ao menos da maneira que eu gostaria, desse jeitinho descrito pela imaginação. Parece que me tomo por certa dispersão e quando vejo, já é noite, o dia já se foi e quando se viu, está na metade do tempo e provavelmente na próxima tomada de consciência acabou a autorização para o livre arbítrio das horas. Quase que entendo quando começo a analisar melhor essa história, é que até mesmo os momentos de prazer acabam entrando numa espécie de planejamento, talvez não estejamos mesmo sabendo lidar com o tempo livre. Passamos de um extremo de atividades a uma perplexidade estranha diante de um ou vários dias que passam a servir unicamente à nossa vontade. Não creio que seja certo diminuir a importância da dispersão, ela também nos faz falta, porém, não posso aceitar aquela máxima de que, quando se torna possível, já não se atribui mais o mesmo valor. Talvez o que esteja faltando seja um compromisso, sim, terei de usar essa palavra, para com as nossas vontades, levá-las a sério e até, por que não, bater ponto no universo das nossas pequenas satisfações.

Sheila Chaves

2 comentários:

Roberta Cadaval disse...

A começar pelo título, parabéns Sheila!! Adorei! Compartilho desse mesmo sentimento insatisfatório quanto aos nossos planejamentos para as férias.. acho que nos prendemos em coisas que deveriam figurar neste período mas que acabam protagonizando nosso tempo!
Um grande beijo querida!

Anônimo disse...

eu sou um viciado em "listas", e para as férias eles também funcionam - por mais que fazer listas seja um sintoma de não estar em férias...hehehe

como eu vivo em clima de férias, por trabalhar com horário próprios, eu ando mesmo é fugindos das responsabilidades...hehehe