5 de julho de 2012
Punção
Chega um momento em que é preciso costurar.
Quantos pontos são precisos para dilacerações de alma?
Eis que é preciso reconhecer o momento de juntar, os traços, os rastros,
virar-se para ver o desenho que se formou.
Tudo já está lá, é só alinhavar, dar relevo.
Tenho costurado meus pedaços, fatos, e lembrado diferente.
A agulha é delicada, mas foi feita pra furar.
Ela me dói.
Cada furo abre o seu vazio e é arranhado pelo roçar da linha,
nessa carícia perversa, arrepios de alma...
Entre o furo e o laço, um gemido silencioso,
mas de dor em dor, tudo é envolto.
Amarrar o tempo é bordar sentido.
Sheila Chaves (palavras e trabalho ilustrado)
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2 comentários:
Eis, em teus lindos versos, o patchwork da vida.
GK
Belo arremate! Obrigada, Gugu Keller.
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