2 de julho de 2009

Coca light e croissant

A xícara, a mesa, o sol arrebatando o ambiente. Eu, sozinha, acompanhada de meu livro e capuccino bem feito. Uma cena idealizada, cena de filme, cena que gosto. Algo comum, incomum para mim. De repente uma realidade súbita, bem assim, redundante na surpresa. Mãe e filha, dois olhos azuis iguais aparecem naquele café, naquela padaria, confeitaria - Padaria Petrópolis.

Tão diferente, tão distante do meu mundinho. Aquela mistura de cores fortes, berrantes, letras, listras, bolsas rosas, enfeites, tudo num figurino só, figurino não, vestuário, bem simples assim. Geralmente eu faço isso, uma cara estranha, arrogante talvez, de quem não gosta desse excesso, dessa realidade toda. Mas, de alguma forma, não sei bem por que, aquela simplicidade energizada me toma por inteiro.

Uma coca-cola light com croissant de chocolate, uma princesinha, uma mãe feliz com o momento, sorrindo um sorriso doce, de mãe. - Não é para ficar olhando para o lado e esquecer de comer. Nunca vi dois olhares tão iguais, tão cúmplices. Que bela tarde eu pensei. Que encaixe perfeito na beleza de meu dia. Tardes assim, de infância, não podem ser vistas de forma leviana, é infância, e infância tem gosto e cheiro de tudo.

Comer croissant com a mãe e pedir uma coca-cola light. Segurar o garfo com mãos que mal aprenderam a ser mãos... Tão frágil, tão sólido. Maçãs de rosto feliz. Estar com a mãe, numa tarde de infância, que talvez seja esquecida, mas agora, aqui. Presente para minhas palavras, minhas próprias lembranças de princesa.


Sheila Chaves

Um comentário:

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Mais do que nas lembranças, estes momentos se mostram gravados nas palavras mesmo e, também, nas atitudes dos adultos que estas crianças serão. (: