6 de julho de 2014

Fio imaginário






... Antes que as portas da cidade se fechassem, quis ficar sozinho na paz que o crepúsculo anunciava, a fim de melhor entender o desejo de ir à superfície, talvez a Nápoles. Comecei a opor em minhas confusões afetivas estes dois extremos da psicogeometria do coração: as trevas e a luz efervescente da cidade que sussurrava ao longe.

Nas profundezas de meus desejos reprimidos, senti a necessidade de me sustentar entre os dois, com a ajuda de um fio imaginário reunindo os dois vulcões napolitanos, aquele que esqueceu suas cobiças, e o outro, borbulhando ainda desejos ardentes de uma sobrevida.

Assim corre a vida, quando não é possível doar-se plenamente a um ou outro extremo da existência, e quando permanecemos suspensos para ainda continuar, graças à sede que nos faz saltar de um obstáculo a outro.

Trecho de "Nápoles, cidade-sol" - Evgen Bavcar

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