Um dos meus últimos mimos é esse livro de poesias do Mario Quintana. Como se não bastasse a capa, sim, a capa, eu também as adoro, representando um lugar dotado de uma atmosfera totalmente onírica, o organizador Márcio Vassallo separou as poesias por tópicos que sugerem algo como que uma espécie de objetivo para as mesmas.
Registro aqui alguns dos tópicos, e claro, sem querer reproduzir o livro, algumas poucas poesias de que gosto e que também eu, metida que sou, selecionei. (É mentira, não sou metida, mas queria ser... Só um pouquinho.)
Então, aí vai...
Para olhar por outro ângulo
A morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos.
O problema da solidão não consiste em saber como solucioná-la, mas saber como conservá-la.
Para levar a infância a sério
A criança que brinca e o poeta que faz um poema - Estão ambos na mesma idade mágica!
Para despertar a fantasia
A imaginação é a memória que enlouqueceu.
Nunca me dês o céu... quero é sonhar com ele.
Para perceber a arte
Qualquer idéia que te agrade, Por isso mesmo... é tua. O autor nada mais fez que vestir a verdade, Que dentro de ti se achava inteiramente nua...
Para chegar mais perto dos poetas
Poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz.
Poesia é comunicação... a sós.
A poesia não se entrega a quem a define.
Para reparar
Essas duas tresloucadas, a Saudade e a Esperança, vivem ambas na casa do Presente, quando deviam estar, é lógico, uma na casa do Passado e a outra na do Futuro. Quanto ao Presente - ah - esse nunca está em casa.
Para mirar no espelho
A verdadeira coragem consiste, apenas, em não nos importarmos com a opinião dos outros... Mas como custa!
A coisa em si, nunca: a coisa em ti.
Para clarear sentimento
Amar é mudar a alma de casa.
Os nossos amigos são os nossos chatos prediletos.
Os que fazem amor não estão fazendo apenas amor: estão dando corda no relógio do mundo.
Para suspeitar
Quem nunca se contradiz deve estar mentindo.
Se alguém nota que estás escrevendo bem, toma cuidado: é o caso de desconfiares... O crime perfeito não deixa vestígios.
Para viver com poesia
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, o carinho no momento preciso, o folhear de um livro, o cheiro que um dia teve o próprio vento...
Subnutrido de beleza, meu cachorro-poema vai farejando poesia em tudo, pois nunca se sabe quanto tesouro andará desperdiçado por aí...
Um dia de chuva é bom para a gente comprar livros de poemas... Quem perguntar por que, de nada adianta comprar um livro de poemas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário