6 de agosto de 2009

Um pouquinho de QUINTANA, para viver


Um dos meus últimos mimos é esse livro de poesias do Mario Quintana. Como se não bastasse a capa, sim, a capa, eu também as adoro, representando um lugar dotado de uma atmosfera totalmente onírica, o organizador Márcio Vassallo separou as poesias por tópicos que sugerem algo como que uma espécie de objetivo para as mesmas.

Registro aqui alguns dos tópicos, e claro, sem querer reproduzir o livro, algumas poucas poesias de que gosto e que também eu, metida que sou, selecionei. (É mentira, não sou metida, mas queria ser... Só um pouquinho.)

Então, aí vai...


Para olhar por outro ângulo

A morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos.

O problema da solidão não consiste em saber como solucioná-la, mas saber como conservá-la.


Para levar a infância a sério

A criança que brinca e o poeta que faz um poema - Estão ambos na mesma idade mágica!


Para despertar a fantasia

A imaginação é a memória que enlouqueceu.

Nunca me dês o céu... quero é sonhar com ele.



Para perceber a arte

Qualquer idéia que te agrade, Por isso mesmo... é tua. O autor nada mais fez que vestir a verdade, Que dentro de ti se achava inteiramente nua...


Para chegar mais perto dos poetas

Poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz.

Poesia é comunicação... a sós.

A poesia não se entrega a quem a define.



Para reparar

Essas duas tresloucadas, a Saudade e a Esperança, vivem ambas na casa do Presente, quando deviam estar, é lógico, uma na casa do Passado e a outra na do Futuro. Quanto ao Presente - ah - esse nunca está em casa.


Para mirar no espelho

A verdadeira coragem consiste, apenas, em não nos importarmos com a opinião dos outros... Mas como custa!

A coisa em si, nunca: a coisa em ti.



Para clarear sentimento

Amar é mudar a alma de casa.

Os nossos amigos são os nossos chatos prediletos.

Os que fazem amor não estão fazendo apenas amor: estão dando corda no relógio do mundo.


Para suspeitar

Quem nunca se contradiz deve estar mentindo.

Se alguém nota que estás escrevendo bem, toma cuidado: é o caso de desconfiares... O crime perfeito não deixa vestígios.



Para viver com poesia

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, o carinho no momento preciso, o folhear de um livro, o cheiro que um dia teve o próprio vento...

Subnutrido de beleza, meu cachorro-poema vai farejando poesia em tudo, pois nunca se sabe quanto tesouro andará desperdiçado por aí...


Um dia de chuva é bom para a gente comprar livros de poemas... Quem perguntar por que, de nada adianta comprar um livro de poemas.





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