meu amor
o seu cenário seria sempre limpo. o lençol claro recém-lavado e os
livros na estante. as capas brancas das suas edições francesas, os pelos
brancos e pretos do gato. a pele fresca e o xampu na fronha do travesseiro. a
marca das unhas bem aparadas e lixadas na dobra das roupas dentro do armário.
as cutículas na lixeira. o sol entrando pela janela depois de bater nas meias
penduradas no varal e agora tons muito nítidos de verde e azul do lado de fora.
o despertador imobilizado pelo gesto rosado das mãos e depois a sua música
aquática mergulhada nos ouvidos.
só ficariam
manchas nas minhas mãos a cada carta.
(Cíntia)
(Cíntia)
meu amor
o seu cenário
seria sempre nítido. o lençol manchado, refém e usado, e os livros na estante. as
capas claras das suas edições francesas, a pele fresca de tons muito íntimos e
o xampu na fronha do travesseiro. a marca das unhas bem aparadas no seu grito e
a cada dobra. as cutículas, os pelos, o gesto. e o gato imobilizado na janela depois
de virar a lixeira. a noite pendurada no varal. agora sons muito tímidos do
seu movimento aquático do lado de dentro. o despertador calado pela música
limpa e depois as minhas mãos mergulhadas.
só ficariam cartas
nos lençóis recém-lavados e a voz rosada em meus ouvidos.
(Sheila) - releitura do poema da Cíntia França
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