31 de outubro de 2019

mordaça e poema






o poema mais cruel
tem o peso da minha carne

e urra

tem pelo grosso
e machuca

é cruel pesar

não há docilidade
no grosso do desejo

há feiura

e a face de quem não sabe
do abismo

bem no meio das pernas
cerradas

mordaça e poema

de ossos e dentes
de açoite e cuspe

uma puta no poema

estraga a métrica
vomita o estilo
lambuza a palavra

afoga o grito na saliva
saliva o grito asfixiado

chora de cócoras 
pelo gozo derramado


S. Chaves







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